O
patrimônio cultural faz parte da vida das pessoas de maneira tão profunda que,
algumas vezes, elas sequer conseguem dizer o quanto ele é importante e por quê.
Mas, caso elas o perdessem, sentiriam sua falta. Como exemplo, citamos a
paisagem do bairro; o jeito de preparar uma comida; uma dança; uma música; uma
brincadeira. Fazendo o inventário, é possível descobrir e documentar o repertório
de referências culturais que constituem o patrimônio da comunidade, do
território em que ela se insere e dos grupos que fazem parte dela.
Um
levantamento de um inventário afetivo é, primordialmente, uma atividade de
resgate e incentivo a diversidade cultural local. Portanto, seu objetivo é
construir conhecimentos a partir de um amplo diálogo entre as pessoas, as
instituições e as comunidades que detêm as referências culturais a serem
inventariadas. Sem a pretensão, contudo, de formalizar reconhecimento
institucional por parte dos órgãos oficiais de preservação. Um dos objetivos é fazer
com que diferentes grupos e diferentes gerações se conheçam e compreendam
melhor uns aos outros, promovendo o respeito pela diferença e o reconhecimento
da importância da pluralidade.
A integração
de diversos agentes da comunidade – sejam pais e familiares, mestres ou
produtores de cultura – é que vai determinar a qualidade do inventário. O
inventário e a descrição de uma coleção documental realizada ao nível da
unidade do conjunto de todas as peças do acervo, onde se executa uma observação
mais detalhada e metódica, e desta, efetuam-se registros em fichas e,
posteriormente, serem transpassadas para uma base de dados (física ou virtual).
Nesse sentido, o inventário proposto por este projeto, elaborado por
profissionais capacitados na área arquivística e afins, possibilitará o resgate
de aspectos culturais relevantes, em especial os que dizem respeito às
influências dos imigrantes, que é de interesse público, e promoverá o
desenvolvimento cultural local e regional, além de preencher lacunas e suprir
carências informacionais sobre o tema, que, geralmente, não se encontram disponíveis
em centros de memória institucionalizados, articulando-se, assim, com as
diretrizes do Plano Estadual de Cultura do ES, no que diz respeito ao item
“2.1.3 Promover a identificação, proteção e salvaguarda,
de modo a intensificar a realização de pesquisas, mapeamentos e inventários das
expressões culturais do Espírito Santo”.
Com
a produção de um inventário será possível resgatar momentos importantes das
histórias de vida dos moradores da cidade de Baixo Guandu, complementando as
informações já sistematizadas em centros culturais institucionalizados, gerando
subsídios para realização de novas pesquisas. Sendo assim, considerando a
importância das relações sociais da cidade de Baixo Guandu, a contextualização
histórica e a sistematização dos registros documentais iconográficos,
audiovisuais, sonoros e textuais, que poderão ser utilizados como fonte de resgate
da memoria local, julgamos ser pertinente e viável a implementação deste
projeto, como ação de valorização da cultura capixaba.
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